domingo, 19 de setembro de 2010

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Estávamos correndo nos trilhos da linha do trem aquele dia. Eu podia ouvir o apito fraco do mal adentrar em meus ouvidos, mesmo assim, eu estava lá pra te proteger, envolver e não deixar que nada causasse um arranhão se quer em tua alma. Fomos um conto de fadas desde início de julho. Nós sabíamos que chegaríamos longe. Nós sempre fomos os melhores pretendentes um para o outro. Você a partir daquele mês passou a ser meu manual de boa conduta. Eu fazia questão de ler-te e buscar o significado dos seus sorrisos, enlaçados com meu humor árduo e sem graça. Desde o primeiro dia em que te vi até o completar de meses, a força da gravidade foi se esgotando, dando-me a impressão de que eu flutuava. Grande responsabilidade. Seus sonhos estavam amontoados em minhas mãos e facilmente eu conseguia realizá-los, praticá-los contigo sem algum esforço, tão naturalmente, pois seu encanto era tamanho o que tornava os desafios tão pequenos. Descuidei-me do peso em minhas costas, mesmo que aparentasse leveza, era algo leve por um tempo determinado. Os dias passaram a exigir tanto de mim que num descuido, desviei-me de ti enquanto o trem parava e pessoas adentravam naquela condução. Uma delas eras tu. Estava tão cheio, fora de mim que depois de dias fui percebendo o quão tarde era para recordar da sua pessoa. Comecei a sentir sua falta cada vez mais com o passar de cada minuto, segundo, o que deixava minhas noites tão claras contigo no pensamento e os dias tão escuros, exausto com tanto trabalho e sem esperanças de trombar contigo durante à noite. Hoje, lamentações fervem em minhas veias, estando com seus sonhos levemente amassados em minhas mãos, movimentando os olhos ao te ler depois de tanto tempo, o que faz brotar um mar de culpa em meu peito agora. Eu só queria te dizer que tenho saudades do lago, do ar da noite que era diferente por estar em tua companhia, do seu sorriso que me fazia enxergar grandes possibilidades e até mesmo o impossível. Sinto falta da segurança de estar em seus braços, do teu calor, da tua voz. Tenho saudades daqueles dez segundos em que eu ficava em silêncio e você me perguntava o que eu estava pensando. Tenho saudades das vezes em que te falava que estava com frio e que te queria um pouco mais perto para que assim você me esquentasse. Sinto saudades de viver, porque eu me sentia viva com você, a cada segundo ao seu lado. Mas agora que todos os sentidos estão perdidos, eu sinto sua falta, mais do que você jamais poderia perceber. Estou sendo honesta, assim como tu dizias que nós tínhamos um longo caminho até a eternidade, assim como eu era, quando dizia que te amava e que hoje torno a dizer o mesmo... eu te amo.

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Nenhuma palavra a mais, nem a menos. Isso era tudo que eu precisava ouvir de você

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